A FMU e a Senado FM são emissoras que possuem um bom aporte financeiro público e por isto possuem também uma liberdade mercadológica, ou seja, elas podem ter o luxo de serem alternativas em suas programações por possuírem fontes independentes de sustentação financeira, isto é , não dependem do sobe e desce do mercado, sem dúvidas são bem menos pressionadas em seus serviços, podendo suprir a programação com material não popular sem correr o risco de ficar sem recursos , o que é uma realidade bem diferente das emissoras comerciais e comunitárias, pois algumas em tempos magros carreiam ondas de demissões, falta de manutenção e posterior de perda de qualidade.
Mesmo com o aporte público a FMU tem em seu site a clara chamada "Para anunciar ligue: 84 3215
Em que hipótese mercadológica se paga para morrer? Não seria isso mais um exemplo em que o governo tenta matar a galinha dos ovos de ouro (a iniciativa privada que gera impostos), a concorrência artificialmente mais forte em alguma parte do país já gerou vítimas? Alguma ou algumas emissoras podem sucumbir ou já sucumbiram de um enfretamento nestas condições?
O target é o público de maior poder aquisitivo, ou seja, as classes A e B, é o típico ouvinte mais informado e formador de opinião, audiência peso de ouro, mesmo as gramas valem muito .
Como regra mundial é o gênero de emissoras mais caras para o anunciante, como tendência o tempo de execução musical também é bem satisfatório aos olhos (ouvidos )do ouvinte, quem não lembra da Antena 1 com seus 56 minutos de música por hora, e tudo isso tornava ainda mais valioso aqueles 4 minutos de anúncios.
Da mesma maneira que o gênero apresenta a fatia mais reduzida (e mais valiosa) , o número de anunciantes de peso também é bem menor e eles é que são o suporte das adultas, eles pagam o preço mesmo! Natal possui relativamente uma grande quantidade de FM´s Adultas, se o mercado caminha impulsionando as que estão no ar, palmas para a economia natalense!
As peças do tabuleiro
- A FM Universitária em 88,9 MHz logrou reconhecimento de qualidade acima de sua posição de emissora subsidiada, o que poderia gerar uma visão mais desconfiada, mas é uma emissora que apresentou reais alternativas, sem compromisso de atendimento de massas pelo entendimento de ter que prover um “algo mais”,o objetivo dela aparenta ser o de dar ao ouvinte a opção de diversificar seus horizontes além dos ritmos massificados, dessa forma temos um atenuante do ponto inicial de concorrência (público x privado), juro que fiquei surpreendido com a boa qualidade da 88 já nos primeiros meses de sua operação, pois já vi emissoras universitárias por este Brasil que só tocavam orquestras o dia todo sem objetivo definido.
Ela se descreve como emissora que disponibiliza os seguintes ritmos musicais:
Anos 70 ,Blues,Bossa Nova, Bossa Nova Beats, Bossa Nova II, Chorinho, Dance , Festivais de MPB, Hits Pop ,Instrumental Brasileira, Jazz , Jovem Guarda, Latino, MPB ,New Age, Rock and Rumbas
Eu a classificaria como uma emissora ADULTA CONTEPORANEA , apesar de fortes características de FM adulta o ecletismo bebe vez por outra em ritmos ditos jovens, mas sempre com muito refinamento, também foge do estilo piloto automático, muito comum para gênero.
- A Rádio Cidade em 94,3 MHz apresenta a programação mais “back in time” junto com a 106 , e ainda agregando músicas menos acessíveis aos nossos padrões como canções francesas, inglesas e as imortais músicas italianas, apresentando também uma veia ecológica (programa) , a emissora vem de uma série de experimentações desde sua fundação, já passou pelo pop, popular e atualmente é dita como “Adulta”.
A cidade F M com eu já havia comentado seria bem Flash Back, a chamaria em condições brasileiras de uma Oldies Rádio.
- A 104 FM, possui a programação adulta que pessoalmente mais me agrada, ela executa os Backs que foram realmente hits , o que nunca vai me agradar em rádio é autopilot que infelizmente é marca na 104, mas este é item polêmico pois alguns já não querem nem ver locutores se intrometendo entre o Eros Ramazzoti e o Alphaville, como a própria chamada da emissora acusa, ela busca o melhor do que foi sucesso nacional e internacional na característica slow music, o melhor sempre vai ser algo subjetivo, mas é ela apresenta um playlist geralmente bem estruturado.
A 104 seria uma Back Hits, por tentar resgatar os hits , sem se entranhar muito em “B sides”
- A FM senado é mais nova componente do dial, tem choques de programação sendo em determinados horários uma emissora documentarista do Senado Federal e em outros momentos uma Classic Radio, talvez por ser recente apresenta um “visível” problema no áudio, uma extrema distorção nos picos de volume, um sinal claro de que o “limiter” ficou alinhado pós ponto de saturação, um problema técnico relativamente simples de resolver, mas depois de vários meses desde o início das operações nenhum “ouvinte” reclamou ainda.
Pessoalmente, muitas vezes acho muito interessante a discussão no plenário, principalmente quando o Mão Santa e Heráclito de Sousa Fortes estão com a palavra, apesar de muito acharem um “saco” por vezes me atraso e admiro a inteligência destes e outros não citados, isto não é elogio aos políticos mas uma maneira de dizer que as vezes o Senado Federal é interessante.
A emissora que retransmite a FM Senado de Brasília, seria uma Classics News , por apresentar características noticiaristas com os relatos e análises do Senado e a execução de musica clássica .
Entre mortos e feridos salvaram-se todos, cada uma em busca de um nicho, aqui ficamos com as FM´s de economias de mercado (94FM e 104FM) , a Estatal (106FM) e a de economia Mista (88FM)
Como verificado apesar da manchete parecer remeter a um embate entre Estatais e Privadas , ao final chego e digo que é importante que todas existam , e que as regras do jogo sejam justas, cada uma acaba sendo bem diferente da outra .
Rádio acima de tudo é diversidade, continuo defendendo a idéia de que as emissoras educativas de economia mista (de fonte financeira estatal e de mercado) , pratiquem valores mais altos como uma compensatória a concorrência subsidiada, não só no caso de Natal, mas em qualquer parte que se apresente rádios com tais características.