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A morte do rádio “jovem”

Adequação do termo Rádio Jovem

Aqui transcrevo um artigo de ouro de um gênio da comunicação, estou me referindo ao Gabriel Passajou, consultor de rádio e produtor de áudio (JET 7) .

Um artigo que em muito engrandece a compreensão sobre um dos rótulos mais usados e questionados no Brasil, o carimbo “Rádio Jovem”.

Por Gabriel Passajou:

O rádio “jovem” morreu, acabou, se escafedeu. Não, a Jovem Pan continua mais forte do que

nunca, a Mix também está a todo vapor conquistando afiliadas, a Transamérica POP, mesmo

longe do auge dos anos 90 ainda tem respeitáveis 15 emissoras. Várias ótimas rádios desse mesmo estilo estão espalhadas

pelo Brasil. Mas não estou falando ( e muito menos torcendo) pela falência do formato rock-pop-dance,

mas designar esse tipo de emissora como “jovem”, isso sim, já era. Morreu.

Vamos voltar ao passado, assim podemos ver o contexto em que este termo foi criado. Nos anos

70, a hegemonia como sabemos era do rádio AM, onde residia a grande audiência popular. No FM, as poucas emissoras eram

voltadas ao segmento adulto. Ouvia-se muito jazz, mpb e música erudita nessas estações. Um dia, em 1977 alguns malucos criaram o que seria então o divisor de águas na frequência modulada: A rádio Cidade FM, no Rio de Janeiro. Bagunçou tudo, no bom sentido é claro. Com uma linguagem dinâmica e ao vivo, vinhetas maravilhosas, locutores competentes a Cidade trouxe o modelo americano de fazer rádio ao Brasil. Estava criada o rádio “jovem”. Simples, pois na época haviam apenas dois tipos de rádio: As adultas e as jovens, descoladas e alegres, voltadas para a juventude da época que havia encontrado seu espaço. E assim durou por muitos anos.

Até hoje chamamos as rádios rock-pop-dance como jovens. Ficou o vício. Mas o quadro mudou muito nos últimos anos. Inclusive porque os ouvintes das rádios “jovens” envelheceram, o que é o meu caso. Jovem Pan? Jovem! Nativa? Popular! Mas será que é assim mesmo?

Segundo o IBGE, o segmento jovem se situa entre 15 e 25 anos de idade. Então pela lógica pura e fria dos números, a rádio jovem deve ser líder nesse intervalo. Ser a número 1 no público jovem significa ter a maior audiência nessa faixa de público, certo? Ora, se uma emissora, seja de qual estilo musical for, ter mais pessoas em números absolutos em relação às outras rádios de 15 a 25 anos sintonizadas, nada mais natural que a mesma se rotule como “jovem”. Mas esse é um tabu, quase uma heresia para determinadas pessoas que acham que tem a exclusividade do termo. Se uma rádio que toca Belo, Victor e Léo ou Wanessa Camargo for a mais ouvida do público jovem, e isso normalmente acontece, jamais poderá (segundo alguns xiitas), ter o slogan “A número 1 do público jovem” mesmo se os números provem isso. Porque? Por que a palavra “jovem” foi de certa forma, adotada por certas pessoas que parecem dispostos a tudo para conservá-lo, por mais que isso não encontre respaldo onde interessa: Na audiência.

Acredito que o modelo mais coerente para rotular determinada emissora é o usado pela rede Transamérica, ou seja, pop, hits e light. Pop seria o estilo “jovem”, como a Jovem Pan, Mix, Metropolitana, etc. Hits nomearia as populares como Nativa, Tupi, Band, etc. . Light para a Antena 1, Alpha, etc. Podemos ir mais à fundo e especificar com uma precisão maior, por exemplo, “Pop dance”, “Pop black” ou “Pop rock”, de acordo com o estilo predominante na programação. Igualmente nas populares como “Hits sertaneja” ou “Hits pagode”, enfim, é apenas uma forma de classificação, com certeza outras idéias poderiam aparecer.

O importante é que o ouvinte entre 15 a 25 anos tenha a liberdade de escolha, que possa gostar de sertanejo, dance, rock ou forró e continuar sendo “jovem”, mesmo se alguns radicais queiram essa denominação apenas para um determinado grupo.

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O Rnrádio te convida a ser outro fiel leitor do: http://gabrielpassajou.com

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