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Pecados com o microfone



tudo o que não se deve fazer com o microfone
não bata / não sopre / não grite /não movimente-se com ele / não fique a quilometros / e o principal não o engula
O que não se deve fazer com o microfone (pecados mais comuns)

Microfones: os 'puffs' e os sibilados. Como resolver estes problemas?

Em todas as situações – em que precisamos utilizar microfones – estamos sujeitos a uma série de problemas que acompanham o processo de captação do som. Eles ocorrem independentemente de se estamos gravando um megashow com produção caríssima ou simplesmente sonorizando o sacerdote durante a celebração da Santa Missa da paróquia.

Os dois problemas mais comuns são os “puffs” e o sibilado.

PUFFS
Os “puffs” são aqueles ruídos muito fortes que ocorrem quando são emitidas consoantes bilabiais, como “p” e “b”, e decorrem da presença de deslocamento de ar próximo à cápsula do microfone. Em outras palavras, essas consoantes geram um “vento”, que bate na cápsula do microfone, empurrando-a fortemente. A transmissão de som, ao contrário do que possa parecer a princípio, não está associada ao deslocamento de ar, mas apenas o está à sua vibração, e assim, a cápsula do microfone está preparada para perceber ondulações muito tênues do ar, e não deslocamentos fortes. É por isso que o “puff” ocorre. Para evitar este ruído, os próprios microfones já se defendem. Uma das funções daquela gradezinha de metal, que envolve a cápsula, é exatamente diminuir a velocidade do ar que chega até ela, atenuando as

interferências [“puffs”]. Isso, porém, não é suficiente, como sabemos, principalmente quando se fala muito próximo ao microfone.

Outro mecanismo de defesa são aquelas espumas que cobrem as cápsulas dos microfones, muito utilizadas em shows. Em estúdio, optamos por outro mecanismo que altere menos o som, que é uma tela de tecido ortofônico muito fino, colocada a certa distância, chamada “pop filter”. Ela tem dupla função, pois além de diminuir a velocidade do ar, também ajuda a manter o cantor afastado do microfone. Se mesmo assim ainda ocorrerem ruídos, é necessário equalizar o sinal. Os “puffs” se caracterizam por gerarem sinais de baixa freqüência. Assim, para diminuí-los, basta filtrar o sinal abaixo de 120 a 150Hz usando um passa-altas (ou Low Filter). Em situações ao vivo este deve ser o último recurso, principalmente em vozes masculinas, pois essa filtragem altera sensivelmente o timbre da voz. Em estúdio, depois do sinal gravado, aplicamos esse filtro

somente nas sílabas em que ocorreram tais problemas.

SIBILADO
O sibilado é devido à elevada sensibilidade que a maioria dos microfones apresenta na região de 8 a 10kHz. Isso faz com que ele se apresente na saída um sinal muito forte quando o fonema “S” é emitido. Em muitos casos a intensidade de um “S” chega a ser maior que a de uma vogal! Isso provoca uma sensação auditiva muito desagradável e precisa ser evitado. O fator regional, por incrível que pareça, também afeta a sibilância, pois existem sotaques brasileiros com forte

presença de altas freqüências nos “S”, como em Minas Gerais. Ao sonorizar uma Santa Missa mineira na hora do “/*S*/anto /*S*/anto /*S*/anto /*S*/enhor Deu/*S*/ do Univer/*S*/o” é sempre um problema. A solução pode ser física, girando-se o microfone um pouco, de forma a evitar que o deslocamento de ar atinja a cápsula diretamente, ou técnica, via o uso de um De-esser. Esse dispositivo é um processador AP-07x que possui como um de suas várias funções a atuação sempre que ocorrem as altas freqüências. O de-esser aparece tanto na forma de

plug-ins quanto em equipamentos físicos e é bem simples de usar. Basta ajustar a intensidade de atuação e eventualmente sintonizar a região específica de freqüências a serem atenuadas. Especial cuidado deve ser tomado para não se exagerar no seu uso, pois há uma tendência de se transformar o som dos “s” em “f” ou mais especificamente nos “th” surdos do Inglês.

O que fazer para tornar o microfone um amigo?

Bem, depois de tanta enrolação, vamos ao que interessa: há uma série de cuidados na utilização do microfone que você pode adotar para torná-lo um amigo. Vejamos alguns desses cuidados. Vou chamá-los de “Os 7 Mandamentos do Amigo do Microfone”.

1º Mandamento: Não bata

É muito comum que você, ao segurar um microfone para utilizar, dê algumas “batidinhas” nele com o objetivo de verificar se ele está funcionando. Por favor, não faça isso. Lembra-se do diafragma e do elemento gerador? Com o tempo, de tanto apanhar, eles se danificarão podendo partir-se.

O microfone vítima dessas “batidinhas” passa, depois de certo período de surras constantes, a reagir apresentando um som “choco e rachado”. É a forma que ele encontra para se vingar dos maus tratos recebidos.

Como você consideraria alguém que, ao se aproximar de você, ao invés de cumprimentá-lo educadamente fosse logo espancando você? Amigo ou inimigo?!

2º Mandamento: Não assopre

Muitos de nós, também no desejo de verificar se o microfone está funcionando, temos o hábito de assoprar o microfone: fu... fu... som... som... Não é assim que fazemos?

Pois é, de agora em diante controle-se e não faça mais isso. Ao assoprar o microfone você despeja alguns mililitros de saliva sobre ele!!! Essa saliva vai gerar um mau cheiro no pobrezinho do microfone e ele não pode tomar banho para se limpar... isso é muito anti-higiênico!!!

Quando você quiser verificar se um microfone está funcionando, apenas fale...

3º Mandamento: Não grite

Por favor, não grite... o microfone não é surdo!!!

A finalidade de um sistema de sonorização é amplificar o som que você está produzindo. Sendo assim, não é recomendável que você atinja o microfone com volume de voz extremamente alto porque, dependendo de como foi construído (se for um capacitivo, por exemplo), o sinal será distorcido. Você terá sua voz reproduzida de forma “rachada”.

Isso sem levar em consideração o incômodo que será causado na audiência...

4º Mandamento: Não fale se movimentando

Alguns de nós temos o hábito de falar/cantar movendo-nos de um lado para o outro diante do microfone, quando este está fixo. Os microfones têm uma capacidade “auditiva” limitada. Eles não são capazes de “ouvir” se você estiver falando ou cantando muito afastado dele para as laterais. Você precisa falar e/ou cantar diretamente em frente a ele. Aí ele poderá perceber toda a beleza de sua voz.

5º Mandamento: Não tenha medo

Muitas pessoas têm medo de microfones e por isso afastam-se dele demasiadamente. À medida que você se afasta do microfone, ele passa a ter dificuldades de “ouvir” você. Sua voz ficará com excesso de agudos e sem peso (graves): a conhecidíssima “voz de taquara rachada”.

Para obter um bom desempenho, aproxime-se do microfone até cerca de 5 cm. Não se preocupe, ele não morde.

6º Mandamento: Não o engula

Não vá para o evento com fome esperando engolir alguns microfones: eles dão in

digestão!!!

Na ânsia de fazer uma boa apresentação, falamos tão próximo ao microfone que quase o engolimos. A essa distância tão pequena certamente lançaremos sobre o pobre coitado aqueles mililitros de saliva, lembra-se? E também não podemos nos esquecer que estes perdigotos (as famosas gotículas de saliva) normalmente carregam germes, o que piora ainda mais a situação.

Essa prática prejudica também a qualidade do som: os microfones direcionais (usados por nós em 99% das aplicações) têm uma propriedade chamada “efeito proximidade”. Esse efeito encorpa os graves à medida que o microfone é aproximado da fonte sonora. Sendo assim, você terá o som da sua voz cheio de graves e provavelmente sem clareza, para não falar do maravilhoso efeito “puf”.

É só lembrar do item anterior: a distância adequada para uma boa captação é cerca de 5 cm afastado da boca e diretamente em frente ao microfone.

7º Mandamento: Não enrole

Quando seguramos o microfone na mão, temos o hábito de enrolar o cabo: pare com isso e não enrole, cante!!! Ou fale!!!

Ao enrolar o cabo do microfone, você provoca alteração em suas propriedades elétricas e, com o tempo, danifica as soldagens que o unem aos plugs. O que resulta disso são chiados e barulhos diversos.

Ao segurar um microfone, deixe o cabo completamente livre e solto.

Bom, agora que acabei de indicar a você algumas maneiras práticas de evitar problemas com os microfones e de aumentar sua vida útil, gostaria de dar algumas outras dicas. Lá vai:

  1. Aceite as orientações do técnico de som. Ele está ali para ajudá-lo a obter o melhor desempenho possível. Se você tiver alguma idéia, discuta-a com ele.
  2. Para evitar o problema de encher o microfone com saliva e minimizar o efeito “puf”, use espumas de proteção. Elas podem ser encontradas com facilidade no mercado.
  3. Você poderá obter sons mais graves ou mais agudos apenas afastando ou aproximando o microfone. É só lembrar do “efeito proximidade”, que pode e deve ser usado em seu favor.
  4. Não passe na frente das caixas acústicas com o microfone apontado para elas. Isso causará microfonia.
  5. Não envolva o globo do microfone (aquela parte redonda que protege a cápsula) com a mão. Isso altera o padrão de captação do microfone e pode causar microfonia.
  6. Visite seu dentista regularmente de seis em seis meses. Ops... acho que exagerei....

Microfonia uma inimiga da qualidade

Um sistema de som ambiente consiste de um microfone, um amplificador e um ou mais alto-falantes. Sempre que você tem esses três elementos, existe o potencial para ocorrer microfonia. A microfonia, também chamada de realimentação, ocorre quando o som dos

alto-falantes retorna para o microfone e é reamplificado e reenviado, como isso:

Imagine, por exemplo, que você coloque o microfone em frente do alto-falante, conforme mostrado, e bata o dedo no microfone. O som da batida passa através do amplificador, sai pelo alto-falante, volta novamente ao microfone etc. Essa malha acontece tão rapidamente que cria sua própria freqüência, a qual nós ouvimos como aquele som de uivo. A distância entre o microfone e os alto-falantes tem muito a ver com a freqüência do uivo, porque a distância controla a rapidez com que o som poderá percorrer a malha do sistema.

Se você estiver instalando um sistema de som e quiser evitar a microfonia, há umas poucas regras gerais que podem ajudar a evitar o problema, tais como:

  • garantir que os alto-falantes estejam à frente do microfone e apontem para longe dele; se os alto-falantes estiverem atrás do microfone, a microfonia estará praticamente garantida;
  • use um microfone unidirecional;
  • coloque o microfone próximo à pessoa que está falando ou se apresentando;

>microfonia em tons graves

Sensação auditiva do ouvinte: percepção zunzunzun vibrante enquanto locutor fala

>microfonia em tons agudos

Sensação auditiva do ouvinte: percepção zumbindo “fino”

Posicionamento incorreto dos monitores e das caixas de PA

Esta é uma das principais causas de microfonia. Quando o som oriundo das caixas de PA incide diretamente sobre os microfones, a possibilidade de ocorrer microfonia é grande. Sendo assim, evite posicionar os microfones no campo de projeção das caixas.

O posicionamento dos monitores também é crítico. Distribua os monitores no palco de acordo com o padrão de captação dos microfones utilizados. Veja as figuras 8 e 9.


Figura 8 – Posicionamento do monitor em relação ao microfone cardióide

Se você estiver usando microfones cardióides, o monitor pode ser posicionado diretamente atrás do microfone. Como o microfone cardióide rejeita os sons traseiros, não haverá microfonia.


Figura 9 – Posicionamento dos monitores em relação ao microfone supercardióide

Se os microfones em uso forem do tipo supercardióides ou hipercardióides, os monitores devem ser posicionados num ângulo de 120º em relação ao microfone, uma vez que a maior rejeição está nesta posição.

Outro problema em relação ao posicionamento dos monitores é a reflexão do som na parede de fundo do púlpito, que volta sobre o microfone gerando a microfonia. Sendo assim, posicione os monitores de forma a evitar a projeção direta do som sobre a parede de fundo do púlpito ou revista esta parede com material sonoabsorvente.

1.3. Alto volume nos monitores e nas caixas de PA

Este é outro problema causador de microfonia. Mesmo quando os monitores estão posicionados corretamente, se os volumes do PA e do monitor estiverem muito altos, o som alcançará o microfone causando problemas.

O que geralmente causa altos níveis de volume no palco são os cubos dos instrumentos, que funcionam bem acima da necessidade. Um passo importante para a diminuição deste nível de volume é a celebração de um acordo entre músicos e operadores de som para que a intensidade sonora dos cubos seja reduzida, permitindo a redução proporcional dos níveis do PA e do retorno.

Outra solução que tem se mostrado eficiente é adoção de um sistema de monitoração por fones de ouvido, que permite a redução dos níveis sonoros para um patamar bastante confortável.